quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

constatação do fim


De alguma forma estamos nos perdendo um do outro. Nos afogando em 
bobeiras e pedido de desculpas.
De alguma forma onde havia uma necessidade de cada minuto agora
cresce uma expectativa negativa de não fazer a coisa errada, 
expectativa de  "tomara que ela faça a coisa certa"

terça-feira, 8 de novembro de 2011

.

Onde os braços me guardam e o teu corpo me esconde
atravesso o tempo e me perco. Me perco em instantes
me perco em porques sem saber onde começou.
Agarras minha mão solta e fria e segue pro alto. segue pra longe.

Onde meus pés sentem o chão
Há um cheiro em carne e osso
e vícia.
Esse cheiro que prende, que aperta os pulmões,
arde narinas, mãos.
Respira em ritmo de mim e solta em ti o meu ar mais fundo.
Mais profundo.

domingo, 11 de setembro de 2011

E de repente me vi saltando e despencando, queda livre
dentro de um sentimento em constante crescimento
(dimensional, para todos os lados). E mais uma vez, de repente,
parei. Parei no ar mesmo. Parei, acho que para observar que
tudo aquilo - ou tudo isso - era de verdade. Que não era um
deslumbramento, uma empolgação ou encantamento. Era o que era
e era verdadeiro e intenso, e crescia... cons-tan-te-menn-te.

domingo, 10 de julho de 2011

Tempo

Ando assim num tempo de paz. Num tempo suave e quente, e mesmo quando faz frio é um frio manso, um frio de poucos arrepios e mais aconchego.
Ando num tempo só meu, um tempo pra dentro, sem deixar de apreciar o mais belo que pode ter do lado de fora.
Me acostumei tão rápido  ao calor que encontrei, esse que neutraliza(ou completa) o frio que sempre tive.Calor que diz gostar do frio. Que me tem tão dentro dele quanto eu mesma tenho ele dentro de mim.
Tenho andado.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vozes

    E a ela não cabia odiar, sabia que ao leve sussurro daquela voz era capaz de esquecer tudo aquilo que a feria, sabia disso. Ambos sabiam.
    Ambos sabiam e por isso continuaram a falar e a escutar, um por não querer ser odiado, o outro por não querer mais odiar. Falaram por horas, tocando em pontos tão delicados e ainda assim prosseguindo fortes e harmônicos. Eram alfinetadas suaves, preocupações doces, interesses disfarçados. Ali nada os tocaria. Eles não se tocariam.
    Ela quase ouvia o que aquela voz pensava e dessa forma se aquecia, não se arriscava porem a perguntar nem a deixar a ideia germinar; apesar de tudo sabia o quanto sofrera e, vez em quando, ainda sofria.
    A intervalos se perguntava o por quê de continuar ali, falando, ouvindo. Nenhuma vez se respondeu.
    Ela estava mais forte agora, a voz sabia disso. Tinha provado da indiferença, da ausência e da mudança dela. Não insistia pois agora reconhecia o peso do não.
    Seguiam respeitosos e gentis, agradáveis e nostálgicos, todavia sabiam que ao silêncio de ambos, ao desligar dos telefones, toda aquela bolha criada sabe-se-lá-de-onde desapareceria e a realidade do passado voltaria acertando em cheio seus pontos mais vulneráveis. Sabiam disso.
    Se arrastaram o quanto puderam, o mais longe permitido, mas já era tarde (ou cedo demais) as orelhas ardiam e o dia já vinha apressado, sabiam. E sabiam que logo mais seria diferente, que ao silêncio tudo voltaria ao normal, a ser igual. Ambos sabiam e ambos disseram adeus.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Carta


       De ti reconheço pouco, de mim menos ainda. De nós procurei esquecer - tudo - mas sempre fica algo para trás, não é?
       Não sei se teu cheiro é o mesmo, mas dele me lembro bem. Se te tornara mais tolerante com o gosto alheio ou se parou de alfinetar as mudanças e feridas (dúvido muito). Torço para que tenhas mantido o mesmo sorriso, mesmo nos dias tristes.
       Que tenhas resolvido seus conflitos, os internos - capricórnio sempre tem conflitos internos -, que esteja mais corajosa para que não deixe que outros carreguem um fardo que nem conhecem.
       De longe sua vida parece andar bem, parece um pouco mais feliz e espero que esteja mesmo. As vezes vejo um deslize melancólico que, sem querer, você deixou escapar. Nesse momento sempre penso em perguntar como você está, como vão as coisas, não o faço; De outra forma seria eu com um deslize de sofrimento aparente - porque tenho sofrido em segredo - e a um tempo tenho praticado essa coisa de ser forte e "let it go".
       Como eu disse, me reconheço menos ainda, um tempo atrás e eu estaria ouvindo você contar suas tristezas, sarando suas feridas e ferindo e sangrando mais as minhas.
       Não me julgues (eu sei que tens julgado) por agir assim e fazer e falar diferente, você tem que entender, eu era feliz naqueles dias. Vira e mexe me pego pensando em que ponto pisei em falso para que tudo terminasse tão errado, tão torto, mas é só vira e mexe, na maior parte do tempo penso que dias melhores virão e que o universo sempre conspira.
       Sei que te reconheço pouco e que você também não me reconhece, as coisas mudaram rápido demais, mas espero mesmo que tenhas mantido o sorriso, mesmo aquele dos dias tristes.
      

domingo, 27 de março de 2011

troca

Para certos sonhos eu me arrisco em pesadelos.
Eu me afogo em poças rasas, não mergulho mais tão fundo.
Deixei migalhas sofridas para, na volta, não cair em armadilhas.
Abri meus olhos pra você.
Fechei meu coração.
A meus sonhos procuro a insônia.
Em silêncio faço barulho,
na tua voz tapo os ouvidos.
Me viro quente para o lado mais frio.
Há sempre uma troca nessas situações
- Quente, Frio -.

domingo, 13 de março de 2011

Tem algum pedaço se desprendendo.Um pedaço meio grande, meio denso.Não sei se fará falta mas reconheço suas dimenções, reconheço seu corte e suas variadas texturas.
Se por acaso o deixo ir, fico leve ou só vazia? Fico limpa ou perco um pouco da minha auto-decoração? Seria assim tão puramente reciclável eu liberar um pedaço meu? que foi meu? Alí nasceria uma plantinha diferente, com um cheiro diferente, de uma cor diferente...  bastaria?
Tem algum lugar sobrando - se desocupando - dentro de mim. Tem coisa nova chegando, tem gente se adentrando, tem cheiros se misturando,tem buracos se fechando, tem janelas se abrindo...
Ando coletando e colecionando figuras, formas diferentes. Tenho empilhado minhas experiências e pintado minhas lembranças.
Ando meio solitária também, eu sei. Penso se fará falta, seriamente, fará falta? Um pedaço meio distânte, reconheço, mas tão importante... meio amargo.Frustrante.

domingo, 6 de março de 2011

Acordei em mais um dia onde eu esperei o tempo passar, ele vinha sendo minha mais presente companhia.Não era o suficiente mas você havia partido.
O que me doeu mesmo foi ver as palavras dadas a mim, aquelas que eu guardei tão fundo, e você as entregou a outra -eu realmente me distrai ao imaginar que eu poderia ser a única - e foram exatamente as mesmas palavras.Promessas que eu acreditei e que agora ela acredita, e se deposita e você responde exatamente como respondia.
Eu dei aquilo que eu tinha e não foi o suficiente - ela te dá o suficiente? - dessa forma eu acordei e você já tinha ido.E eu tinha te dado tudo o que eu possuia e agora não tenho nada.Você se foi.
Não sei exatamente o por que do meu coração ainda bater pois não sinto nada, nada é bom o suficiente mas eu tenho acordado na companhia do tempo - Eu sempre pesso para que me leve embora - não é bom o suficiente mas meu coração continua batendo.
Eu ainda me pego pensando em quando você disse que estaria aqui quando eu acordasse.Você se foi.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Nós fomos tão proximos mas agora não temos mais palavras, para quê então ficar tão perto?
Agora é diferente, não temos tantas explicações e sonhamos tantas vezes com coisas terríveis e não vamos mais estar tão perto um do outro então pra quê mentir?
Nós fomos mesmo esquecendo tão rapido(ou não) que você deveria saber...
Eu fiquei parada, nos perdemos.Mas eu digo o que faremos: Não há fins para serem justificados então eu quero o tempo mais depressa.Correndo depressa.
Compartilhamos tantas diferenças,até mesmo lágrimas. Fomos proximos mas era mais facil.Eu nunca poderia tirar sua vida no final. Eu estarei lá até o fim e mesmo assim eu desejo o tempo mais depressa e quando você mentir eu passarei andando tão rapido que as palavras não importarão.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz!"

Caio Fernando Abreu

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Receita

Leve qualquer pedaço seu que não lhe faça bem para longe da linha por onde caminhas.Tome um banho e escorra toda a água, troque de pele.Troque de ar.Limpe os pés,eles são parte importante para a caminhada.
Pegue o seu coração,arranque e guarde numa caixa de sapatos,não o deixe.Quando perguntarem poderá dizer que ainda possui um (não usa, mas possui).
Abra sua mente.Colete todas as memórias como se fossem fotográfias.Aquelas que foram muito íntimas ao coração jogue fora,queime.Deixe apenas as que foram puramente leves e sóbreas.
Após todo o preparo ande em frente.Caminhe a direção que escolher e o mais importante: Olhe sempre por onde pisas.Se tropeçares deixarás cair a caixa de sapatos e essa se abrirá.
Verás o coração e nele todas as memórias que tirou da cabeça.Perceberás que nenhuma receita o fará esquecer, que nem toda água do mundo lavará o teu sofrer e nem escorrerá de ti a pele-na-pele,o cheiro ou o gosto que te marcaram.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Você foi a melhor parte de mim.Mas ainda assim foi só uma parte.
Eu ainda tenho o todo, o resto, os outros pedaços para cuidar e me tornar
por inteira a melhor parte.Eu a melhor parte.De mim a melhor parte.Eu.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

qualquer que fosse o motivo

Qualquer que fosse o motivo do olhar
Quelquer que fosse o motivo de se olharem
Sentiam que era por que sofriam
E sofriam por estarem distântes
Tão distântes que seus olhares se perdiam
Sentiam que se olhavam e não se viam
Tamanha distância que existia
E perdidos se olhavam tão de longe
Que em certo ponto se encontrariam
E seus olhos se cruzariam
E por qualquer que fosse o motivo ficariam bem
E se olhariam e se achariam.Te acharia.