É como se o vazio fosse além dele mesmo. Como se ser ôco não fosse a ultima parada. Mas como é possível ser mais (ou menos) que o nada na própria definição?
Fiquei parada tantos segundos em uma especie de vazio e tudo o que eu queria era o contrário daquilo. Veja bem, tudo o que eu queria, não tudo o que eu pensava. O que eu pensava era em pensar em algo "vamos, qualquer coisa... tem de haver alguém aí dentro".
Uma vez, em uma discussão,usaram a seguinte frase: Eu não vou ficar falando o que penso enquanto você fica aí interiorizando. IN-TE-RI-O-RI-ZAN-DO. Nunca tinha ouvido uma definição tão boa, todavia interiorizando pra onde? O interior do nada é tão vazio quanto o cenário ao seu redor, ou seja...
Talvez a interiorização não seja assim tão nula, de repente é só uma lentidão no processo de reação onde gasta-se um tempo absorvendo. Ouço o que é dito, vejo o que é expressado, sinto o que é passado, e no final de tanta absorção não consigo responder nada relevante. Irônico, não?
No final de tudo a única coisa que tinha era o que sentia, que era sempre mal-entendida pelo que dizia, que era a transcrição errada de toda aquela in-te-ri-o-ri-za-ção.
No final de tudo mesmo a gente machuca quem ama por interiorizar demais e de novo por... nem sei mais o porquê. Pela transcrição errada. É tudo culpa da transcrição.
(...)
Novamente me perdi naqueles segundos vazios - engraçado como eles parecem muito mais que segundos. No final das contas não se vai muito longe, o "pra frente" não gera muita distância. Dessa vez eu penso e desejo a mesma coisa... e sinto. Desejo ela , a certeza dela, o cheiro dela. Sem abobrinhas, sem arranhões. Sem sufoco, definitivamente sem transcrições. Desejo principalmente o bem dela em qualquer lugar, onde quer que esteja. E, se possível, desejo também um perdão por tanta transcrição errada de tanta interiorização não dita.
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